Este segundo número da CONTRAST, rosto do projeto com o mesmo nome, procura mostrar publicamente (ou dar a ver, que é como quem diz tornar visível) o trabalho realizado na área da fotografia em dez escolas portuguesas: ARCO, DARQ, DCAM-ECATI, EA-UCP, ESAP, ESMAD, FAUP, FBAUL, FBAUP e IPT. Escolas diferentes na sua história, no seu perfil, nos seus objetivos e, como tal, tanto na sua cultura como na sua prática criativa. Daí que os trabalhos selecionados, além de serem criações de sujeitos singulares, desenvolveram-se e concretizaram-se ao longo dos anos de 2020 e 2021 em contextos curriculares muito diversos entre si. 

Este ato de mostrar – de expor e de exibir, mas também de revelar e de significar – é, acima de tudo, o de fazer extravasar a fotografia de autor (ou, pelos menos, os seus passos iniciais ou primeiros indícios juntamente com os vislumbres de novos caminhos aí contidos) para a esfera pública. Um tal propósito traduz não apenas a vontade de estimular a comunicação e o conhecimento mútuo entre instituições, quase sempre demasiado ocupadas consigo próprias, mas também de alargar o seu diálogo com todos aqueles, pessoas e instituições, que coexistem fora do mundo académico, ampliando desse modo a sua intervenção no tecido social, cultural e político.

Mais importante, na sua original proposta e nos seus objetivos únicos, o projeto CONTRAST procura algo mais: tecer uma rede criativa de saberes, de autores, de grupos e de instituições nacionais e internacionais em torno da fotografia como prática contemporânea e lugar privilegiado de pensamento do contemporâneo. Entendido, para este efeito, como um território de cruzamento multidisciplinar e interdisciplinar entre arte, arquitectura e design, revelado e interpretado através da fotografia – ela própria, ser híbrido, mutante e vário, necessariamente impermanente, devido à sua natureza combinatória entre diferentes áreas científicas, práticas documentais e projetos artísticos. 

A conjugação neste projeto das dimensões imateriais, digitais e interativas, com as dimensões materiais da edição impressa; mas também das dimensões visuais, da exposição, da transmissão e da publicação editorial, com as dimensões verbais da reflexão e da interpretação e demonstração textual, são o necessário corolário de um ambicioso projeto de divulgação, alargamento e intervenção da fotografia na cultura visual contemporânea a partir desse primeiro patamar: o do seu ensino e aprendizagem, da sua prática organizada e sistematizada dentro das salas e dos estúdios, e, algures, tanto aí como fora daí, da sua criativa transgressão – ou simples transfiguração – do previsível, do provável, por vezes mesmo, do plausível. É esta emocionante passagem dos territórios da fotografia aos territórios do fotográfico que o projeto CONTRAST procura mostrar. 


1 ARCO (Centro de Arte e Comunicação Visual), DARQ (Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra), DCAM-ECATI (Departamento de Cinema e Artes dos Media da Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da Userrmação, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa), EA.UCP (Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa), ESAP (Escola Superior Artística do Porto), ESMAD (Escola Superior de Media, Artes e Design, Vila do Conde), FAUP (Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto), FBAUL (Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa), FBAUP (Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto), IPT (Instituto Politécnico de Tomar).