“É irrelevante o aspecto da arquitectura sem gente, o que importa é o aspecto da gente nela” [Bruno Taut]

Para conhecer o bairro foi necessário conhecer os habitantes.

Não só fotografá-los, mas falar, conhecer, perguntar e ouvir… histórias de agora e de antes, como lá foram parar, se gostam de lá estar, a família que têm e a vida que levam, perguntar se podemos entrar. Subir as escadas e entrar, na galeria, na varanda, na marquise, entrar na sua vida, entrar nos apartamentos. E, só aí, ver o que ouvimos.

As palavras tornadas coisas pela primeira vez. Primeiro cadeiras e estendais, unicamen- te comuns a todos, depois as especificidades de cada um. O carro do Sr. Manuel, as fotos de família da Ermelinda, o correio da Sr.a do guarda-chuva, a reunião das vizinhas do 1o andar, ou o amor, eternizado, tornado padrão e azulejo.

O bairro cresceu com as pessoas que o enchem, por vezes literalmente. A expansão dos apartamentos com o uso das marquises manifesta os interesses de cada um, a emancipação do individual, a apropriação, uma opinião sobre a arquitetura que habitam, não escrita, mas de de inegável valor. O alumínio e o vidro estendem o espaço privado e a noção de casa e propriedade crescem proporcionalmente.

Tornam-se próprias.