“(…) uma fotografia é muito simples. O melhor será não competir com a complexidade da perceção da arquitetura. Uma imagem tem de ser simples e direta. Tem de ser capaz de criar uma atmosfera e de nos afogar nela e talvez lembrar-nos de outra coisa.”

A partir desta citação de Heléne Binet[1] conseguimos compreender a arquitetura como algo complexo, que a fotografia, clara e simples, procura sintetizar numa única imagem. A Porto Business School e a Estação de Metro das Sete Bicas participam numa zona de grande movimento e agitação, um ponto de onde chegam, saem e se cruzam pessoas, fluxos que refletem a realidade de um dia-a-dia marcado pelo ruído, um percurso que flutua entre a mobilidade e a permanência. Captar esse “caminhar do olhar” resulta em quadros de permanente mudança que se vão interligando e sucedendo, com elementos que vão “aparecendo ou desaparecendo”, numa sucessão de acontecimentos que juntos compõem a imagem e a perceção que temos de um espaço, de uma arquitetura. O tema é explorado na fotografia de Philippe Ruault[2], que introduz na imagem o fator do tempo, captando espontaneamente o duplo movimento, o espaço vivido da arquitetura, a uma “Bonne Distance (a distância certa) entre o sujeito e a arquitetura, o arquiteto.” Interessam-lhe as questões sensoriais do espaço, evidentes num percurso casual do habitante, que perceciona e vive a arquitetura, como outro elemento que participa no espaço, com a natureza e os objetos.

[1] Ventura, Susana; Binet, Hélène. “The pure sensation of photography: Interview with Hélène Binet”, Scopio, 2010

[2] Ventura, Susana; Ruault, Philippe. “La bonne distance: Interview with Philippe Ruault”, Scopio, 2011