Concebida numa localização privilegiada, a ‘nova’ Porto Business School, escolhida para ser retratada fotograficamente no desenvolvimento desta narrativa visual, nasce num gesto fortemente integrado na malha urbana, próxima de vários tipos de acessos e meios de transporte, desde o Aeroporto Internacional Francisco Sá Carneiro, à Estação de Metro das Sete Bicas, revelando-se como importante ponto de articulação da cidade do Porto.
O edifício resulta de um projeto de uma equipa multidisciplinar de arquitetura e engenharia, liderado pelo arquiteto José Manuel Soares, com grandes ambições de cumprimento das mais exigentes normas europeias de sustentabilidade e eficiência energética. A obra com sete pisos, inclui um programa plural e diversificado que integra num mesmo edifício espaços de aulas, gabinetes para investigação de alunos e professores, bibliotecas, restaurante, auditórios para pequenos e grandes eventos e estacionamento subterrâneo, bem como um vasto jardim cuja vegetação é exclusivamente composta por espécies portuguesas e autóctones adaptadas e cujo desenho acentua a relação com a envolvente.
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A obra fotográfica de Helen Binet surge como fonte de inspiração para a elaboração deste trabalho, pela capacidade que a fotografia pode alcançar no proporcionar de diferentes sensações, através de um jogo entre a luz e a sombra conseguidos por algumas estratégias visuais utilizadas e exploradas por nós de diferentes formas. Desde a utilização de limitadas tonalidades, com destaque principal no registo monocromático, ao uso da repetição através de um jogo de planos encontrado num mesmo enquadramento, conferindo ritmo à imagem, tudo procura convergir para o revelar de fotografias com carácter abstrato, que provocam o observador a criar as suas próprias interpretações: “As you know, when you are in a space all your senses are involved in perception. All your senses are working: you can smell, you can be cold, you can move, you can hear, you can remember, you can imagine the plan of the building. It is very complex (…)”[1].
Outro autor muito presente no desenvolvimento deste projeto foi o fotógrafo Michael Wesely, principalmente pelo trabalhar de uma espécie de “Arqueologia Visual”, que permite a sobreposição de diferentes camadas do tempo numa mesma fotografia, promovendo a transformação de uma imagem estática numa imagem em movimento, quer pela desmaterialização do que é fotografado, quer pela criação e destruição contínua e simultânea do que se observa.
”Será então um pouco como um passeio arquitetônico. Entra-se: o espetáculo arquitetônico se oferece imediatamente ao olhar; segue-se um itinerário e as perspectivas desenvolvem-se com grande variedade”[2]
Com estes propósitos bem presentes, o trabalho desenvolve-se a partir da ideia de percurso arquitetónico (“promenade”), conjugando-o com as sensações provocadas ao longo dos diversos espaços do edifício quando este foi visitado pela primeira vez. As primeiras fotografias anunciam-se como um percurso de chegada ao edifício em estudo, que se revela numa relação constante com a estação de metro presente na envolvente. A acompanhar essa relação, surge o pontuar do azul da fachada e os ritmos e reflexos que a obra promove, instigando ao alcance de uma grande continuidade estratégica entre o explorar do exterior e o percorrer dos vários espaços interiores.
Já no interior, o percurso faz-se pela opção da predominância do monocromático, que procura promover e articular diferentes estratégias num mesmo gesto, desde o contraste ininterrupto entre a luz e a sombra, à simplicidade do ritmo descoberto num jogo de planos, à abstração conseguida por meio do realce de discretos apontamentos de cor presentes nos vários espaços. A percepção do observador é conduzida pela harmonização dos elementos que o compõem e que lhe atribuem diferentes formas de estar e percorrer cada ambiente, provocando o alcance de diferentes interpretações, pela compreensão das possíveis apropriações do espaço.
[1] Ventura, Susana; Binet, Hélène. “The pure sensation of photography: Interview with Hélène Binet”, Scopio, 2010
[2] (Le Corbusier, Oeuvre complète de 1910-1929, 60)