O silêncio da desordem do dia-a-dia
no entregar do homem à civilização,
logo no nascer da manhã fria.


O acordar, mais que sonhos e utopias interiores,
esquecidos ou desvanecidos.


Os carros que vão,
num ritmo de quem não percebe que o mundo passa,
nem a carrinha amarela é capaz do parar,
não podemos ser invisíveis e pequenos.


Numa época em que tudo é simples e confuso
da manta do rico, ao carro do pobre
distâncias, mundos e cores.


“Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
e tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver”


Depois existem as nossas procuras por tempos perdidos,
talvez capazes de fugir à circunstância,
(como a presença do passado no presente)
uma possível dupla projeção do homem.


Depois tem de se compreender que não é do físico que faz a cidade,
mas sim das relações,
a cidade bebe de recordações,
distâncias ou acontecimentos.


O adormecer do sonho,
talvez por culpa da rigorosa realidade.


O grito quebra a cidade,
há quem grite por liberdade,
há quem grite por querer só o real.