Uma linha que se desenha na paisagem através do tempo. Uma linha que revela diferentes tempos, expostos, neste percurso, em simultâneo. Uma linha, um percurso que é também um rasto da passagem humana. Um rasto feito de marcas da atividade humana, umas mais evidentes, outras quase indeléveis no modo como a paisagem se transforma. As imagens resultantes desta pesquisa são a evidência material de um percurso físico realizado pela autora, entre Famalicão e a Póvoa de Varzim. No seu conjunto resultam numa sequenciação que sugere esse movimento compassado, focado, orientado – num enquadramento em que o ato de caminhar é colocado no centro da imagem. O que decide este enquadramento? Parecem concorrer dois aspetos distintos: por um lado o modo como esta paisagem foi construída enquanto linha ferroviária, e por outro o movimento que o nosso corpo descreve nela. Alguns desvios, relativamente a este movimento direcionado, dão-nos a ver detalhes desta paisagem que, à direita e à esquerda do percurso, revelam a sua dimensão temporal. É um trabalho que se desenvolve em torno da perceção e da representação deste território tão particular do concelho da Póvoa de Varzim. Uma paisagem que permanentemente sedimenta as marcas milenares da presença humana.
Diapositivos cor 35mm Projeção de dimensões variáveis
Nota: O projeto Uma linha na paisagem foi apresentado na exposição Póvoa de Varzim, Frames da cidade e outras estórias
invisíveis, no espaço A Filantrópica, de 28 JUL a 30 SET 2017. Por ocasião desta exposição é editado catálogo com o mesmo
título, onde o projeto é igualmente publicado.