No centro da cidade do Porto, pendurado na Avenida da Boavista e junto à barulhenta VCI, está um lugar onde quase nada acontece, o Foco. No Bairro Habitacional do Foco, neste bairro modernista, o tempo parece estar suspenso. Prédios podem ser construídos à sua volta, plenas mutações citadinas e o bairro ainda manteria a sua estética e ambiente. O bairro é como um corpo refastelado, com a sua cabeça pousada na avenida da Boavista e os pés sobre a VCI, sempre em contradição à movimentação e ruído constate da cidade envolvente.
Os vizinhos encontram-se na entrada dos blocos, a senhora do 1.o esquerdo limpa a varanda, o porteiro vigia, solitário, o majestoso átrio. Entretanto, na urbe surgem, diariamente, novos movimentos, os metros descarregam milhares de pessoas, os citadinos saem à rua desenfreados na motivação de vivenciar um novo dia. Neste estudo da cidade e a sua relação com o bairro residencial colocamos em foco os seus cidadãos e como os diferentes espaços são vivenciados, refletindo os seus movimentos.
Consideramos que o trabalho de Alexander Rossini é bastante pertinente para o trabalho desenvolvido ao longo do primeiro semestre. Deste modo, e uma vez que o trabalho assenta na produção de um livro com fotografias resultantes da observação e captação do espaço vivido da arquitetura (neste caso, de um bairro e a respetiva estação de metro mais próxima), foi oportuna a escolha destes autores, pois reúnem um universo de características, técnicas e modos de fotografar muito compatíveis com as nossas escolhas.
Alexander Rossini, mestrado em arquitetura, começou a sua atividade enquanto fotógrafo a partir da exploração da luz, estudando a influência da luz e das suas aplicações teóricas e práticas. Assim, nos seus projetos trabalha a luz e o espaço de forma a valorizá- -lo e a transpor para a imagem o ambiente do espaço construído ou natural.
A abordagem à arquitetura nos seus trabalhos, e a importância que dá à luz, servindo-se da mesma para enaltecer os seus pontos de vista, enaltece as características dos espaços que fotografa. Estes são os principais motivos pelos quais Alexander Rossini foi escolhido como referência fotográfica e metodológica para este trabalho.